domingo, 24 de maio de 2015

Rodoviários: sindicato faz acordo rebaixado e provoca insatisfação na categoria


PSTU São Gonçalo

  8,2%. Esse é o reajuste que o Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac), em acordo com as empresas de ônibus aprovou para os trabalhadores e
Fotos: Rodrigo Barrenechea - ANotA
trabalhadoras do setor rodoviário. A decisão está provocando certo furor na categoria, que em sua maioria não concorda com a forma como a negociação foi conduzida.

  O PSTU São Gonçalo conversou com Baltazar*, um rodoviário de uma empresa de Niterói:

PSTU: 8,5% é um reajuste bem acima do que a maioria das categorias tem conquistado nesses últimos anos. Por que os rodoviários parecem estar tão insatisfeitos com esse índice?

Baltazar: É o seguinte, nos últimos cinco anos nosso reajuste foi de 10%. A categoria já estava meio que acostumada com isso. Pensavam que, na pior das hipóteses, 10% estavam garantidos. E, a depender das negociações, poderíamos conseguir um pouco mais. Além disso, esse ano nossos gastos aumentaram muito: água, luz, alimentação... tudo isso aumentou muito mais do que 8,5%. 

PSTU: No site do Sintronac diz que a proposta do sindicato era de 15% e os patrões apresentaram uma contraproposta de reajustar de acordo com o IPCA e essa proposta foi aprovada por ampla maioria. Como isso é possível, se existe essa indignação tão grande com a decisão?

Baltazar: Sinceramente, isso parece uma piada de mau gosto. A proposta foi aprovada por ampla maioria porque ninguém sabia dessa assembleia. Num teve nenhum panfleto, nenhum cartaz, nenhum carro de som na porta de nenhuma garagem anunciando. Pode perguntar a qualquer rodoviário em qualquer coletivo aí. Só foi "pau mandado" das empresas. Soube que a minha empresa mandou um ônibus, só com gente do administrativo, mandada pra votar na proposta da patronal.

PSTU: O presidente do sindicato fala que foi “um ato de maturidade dos rodoviários, que entenderam o momento grave que a economia do país está passando, com muita instabilidade e desemprego”. O que os rodoviários estão achando disso?

Baltazar: Eu não tinha ouvido ainda essa declaração. Não sei se rio ou se choro. É ridículo. A “instabilidade e o desemprego” de que ele fala não foi causada pelo trabalhador, mas pelos empresários. Foram eles que causaram a crise. Por que não mexe no lucro de Jacob Barata e do Zé do Boi? Na minha empresa a passagem, subiu de 3,00 para 3,30 (10%, mais que nosso salário). Quer dizer: a gente tá perdendo para eles continuarem ganhando. Maturidade coisa nenhuma. Essa declaração só mostra o quanto nosso sindicato está alinhado com os patrões.

PSTU: Você sente um clima de revolta no ar? É possível haver uma rebelião pela base contra o sindicato?

Baltazar: A galera tá muito braba. Tem um clima de indignação no ar. Mas na nossa
Ato ano passado mostrou que é possível construir uma
alternativa classista e de luta para os rodoviários
categoria a repressão é muito grande. Ano passado, alguns bravos companheiros que fizeram um movimento por fora do sindicato foram todos mapeados e demitidos. Além disso, nosso sindicato é traidor e não tem uma alternativa de oposição. Por enquanto o medo tá vencendo a indignação. A galera precisa se organizar pra ultrapassar essa barreira. A categoria é muito forte. Não pode ficar nesse imobilismo.

PSTU: Além do reajuste salarial, que outras questões os rodoviários gostariam que estivessem contempladas nas negociações?

Baltazar: Falo por mim. Na minha empresa não tem seguro de saúde e nem serve alimentação (são duas coisas que a diretoria tá prometendo desde que eu entrei lá). E tem a já histórica luta contra a dupla função (motorista que também faz papel de cobrador). Outra coisa: o pessoal da manutenção, limpeza e administração sequer é citado nas tabelas de piso salarial. Isso é um absurdo. Rodoviário não é só motorista, cobrador e despachante, não. Para fazer esses ônibus rodar tem muita gente por trás. Esses caras também são rodoviários. O sindicato tinha que olhar um pouco para eles também.

PSTU: Você falou da dupla função. Como está essa questão dentro das empresas?

Baltazar: Parece que não avança. Por mais que a sociedade repudie essa prática, parece que as empresas não estão nem aí. Na renovação de frota, continua vindo micrão. Tinha que proibir isso de vez. Se deixar pelo “bom senso” dos empresários estamos lascados, os profissionais e os usuários.

PSTU: Dia 29 de maio tem o Dia Nacional de Paralisação rumo à Greve Geral, que as centrais sindicais estão chamando em resposta aos ataques aos direitos dos trabalhadores. Como está esta convocação entre os rodoviários?

Baltazar: Eu vou! Vou dar meu jeito, mas vou! Mas, infelizmente, a categoria está ainda muito passiva nas mãos desse sindicato traidor. Acho difícil parar alguma coisa. É assim que eles fazem. A NCST adere formalmente à data, mas o Sindicato não mobiliza ninguém e nem para nada. Ficam bem na foto com o bandeirão da central no ato, mas mobilizar que é bom, nada. Afinal, tem que ficar bem na fita com os patrões também, não é?!

* Nome fictício

quinta-feira, 21 de maio de 2015

TERCEIRIZAÇÃO E PRECARIZAÇÃO NA UERJ-FFP EM SÃO GONÇALO


PSTU São Gonçalo

  Nesta terça (19), cerca de 300 pessoas entre estudantes, professores e funcionários técnico-administrativos da UERJ-FFP, em São Gonçalo, realizaram um ato em resposta ao avanço da precarização da Universidade. A UERJ de São Gonçalo, localizada no bairro do Paraíso, foi concebida para ser um polo de excelência na formação de professores. No entanto, as condições são muito deficitárias: as bolsas estudantis atrasam frequentemente, faltam professores para várias matérias, não existe restaurante universitário (bandejão) para alimentação dos alunos e funcionários e a acessibilidade para cadeirantes e pessoas com dificuldade de locomoção é péssima.

  Mas a situação alcançou um limite insuportável pelo atraso de mais de dois meses dos salários dos funcionários terceirizados que prestam serviços de limpeza e segurança patrimonial para UERJ. Ontem, a comunidade universitária da FFP se reuniu no hall do prédio e ocupou a Rua Francisco Portela, que dá acesso ao polo universitário, dialogando com a população e bradando palavras de ordem como: “Se o Pezão não me pagar, a UERJ vai parar!”, “Pezão, queria que você investisse em educação e esquecesse a UPP”, “A nossa luta unificou, é estudante junto com trabalhador”.

Manifestação na UERJ Maracanã paralisa os elevadores do Campus
  E não é só na FFP. A revolta toma conta da comunidade universitária também no campus do Maracanã, onde ocorreu um ato dia 13 em apoio aos terceirizados, há 2 meses sem salário. A UFRJ teve as atividades suspensas em várias unidades por causa da greve dos terceirizados, também com seus salários em atraso.

  É sintomático que no mesmo momento em que se debate no Congresso Nacional a aprovação da PL 4330 (que regulamenta a terceirização), estejamos vendo os problemas da terceirização na prática. Os mesmos governos Estadual e Federal que atrasam salários dos terceirizados e cortam verbas da educação, colocando as Universidades no caminho da ruína, não se envergonham de gastar bilhões nas obras Olímpicas, enchendo o bolso dos bancos e empreiteiras. Por isso, chamamos a todos a construir uma grande resistência a esses planos de ajuste fiscal que os governos estão aplicando para jogar o ônus da crise econômica nas costas dos trabalhadores. Precisamos unir todas as lutas que estão em curso no Dia Nacional de Paralisação e Manifestações!

Dia 29 de Maio é Dia Nacional de Paralisação e Manifestações:
- Pelo pagamento imediato dos terceirizados!
- Contra as MPs 664 e 665 e a PL 4330!

- Basta de Dilma, PT, PMDB, PSDB e desse Congresso!
Sobre as MP’s 664 e 665 e a PL 4330  leia mais em: