quinta-feira, 27 de março de 2014

Rebelião toma conta do COMPERJ (20/03/14)

Rebelião toma conta do COMPERJ na tarde de hoje


Um motim tomou conta das obras do COMPERJ na tarde de hoje. Depois de 40 dias de greve, um acordo foi fechado, no início desta semana, entre a categoria e os patrões, mediado pelo Sindicato da Construção Civil de Itaboraí. No entanto, um dos pontos principais das reivindicações, a exigência de que os dias parados não fossem descontados, foi negado pelas construtoras. O sindicato omitiu a informação para a categoria que, ao descobrir a situação, resolveu novamente cruzar os braços. 


Os protestos começaram a se multiplicar por vários canteiros de obra do complexo, levando cerca de 28 mil trabalhadores a protestarem contra a atitude do sindicato e a negativa dos patrões. Diante da recusa dos operários a trabalhar, a Petrobrás começou a liberar os trabalhadores por volta das 10h, mas em alguns canteiros os operários foram impedidos de deixar o complexo. A revolta aumentou e os trabalhadores ameaçaram ocupar todo o complexo. A Petrobrás reforçou a segurança, trazendo agentes de outras unidades para o local. Há informações também de que havia vários agentes a paisana armados dentro dos canteiros. 

Por volta das 11h, diretores do Sindpetro se dispuseram a entrar nos canteiros e negociar com os trabalhadores para evitar reabrir as negociações. Há dois anos, no CENPES, a interlocução do Sindpetro conseguiu evitar o pior em situação parecida. A Petrobras, no entanto, negou a ajuda dos diretores e afirmou que a situação estava sob controle. 

As atitudes da Petrobras diante da grande greve do COMPERJ, somadas a conduta apresentada pela empresa em face dos últimos acontecimentos, levantam a suspeita de que a Petrobras esteja se utilizando da greve para justificar o atraso nas obras do complexo. A recusa ao diálogo por parte da empresa, inclusive declinando a ajuda do Sindpetro, sindicato que goza do respeito dos trabalhadores do complexo, levaram ao conflito. 

O que está por trás desta crise é o total descrédito do Sindicato da Construção Civil entre os trabalhadores, que sofrem com condições de trabalho cada vez mais precárias. No último período, houve falta de água potável e para higiene nos canteiros do complexo. Além disso, as empresas forneceram comida estragada aos trabalhadores, levando mais de 200 deles ao hospital. Um operário teve a boca cortada com um caco de vidro encontrado entre a comida, e em outro episódio, uma lagartixa morta foi encontrada na comida. Depois da greve, nos dois dias em que houve trabalho, o pessoal de cozinha alertou aos trabalhadores que a comida que estava sendo servida estava fora da validade, pois havia sido adquirida para a alimentação nos dias em que as atividades estavam paralisadas. 

No fim da tarde, havia indícios e informações de que a tropa de choque da polícia militar havia entrado no complexo para acabar com a mobilização dos trabalhadores. O resultado desta operação continua desconhecido. Neste momento não é possível contactar os trabalhadores para obter informações a respeito da invasão da polícia.

terça-feira, 25 de março de 2014

Sindicato dos garis de Niterói trai categoria e aceita acordo rebaixado

Direções municipais do PSTU de Niterói e São Gonçalo


Os garis de Niterói saíram as ruas! E assim como no Rio, tiveram que ignorar a direção do seu sindicato. A greve dos garis do Rio deu grandes lições às categorias em luta e também às burocracias encasteladas no poder há anos ou mesmo décadas. O “experiente” dirigente do Sintancluns rapidamente se localizou , já que a despeito da sua posição e ligação com o governo ia ter luta. 
Garis de Niterói seguem exemplo do Rio
e iniciam greve inédita
Após uma assembléia que ocorreu na sede da empresa, onde reinou a bagunça e nada se ouvia, ele pensou ter passado para a categoria suas instruções. Mas, como no Rio, a categoria estava apenas ignorando a direção do sindicato - recém empossada, numa eleição apurada a portas fechadas e às escuras, literalmente. Saíram de lá, e foram à LUTA!
Quando a direção descobriu o ato, teve que correr atrás dele! E lá adiante, nas barcas, junto à categoria desde antes decidida, puderam então gritar: GREVE!!! Não era mais que uma tentativa de ganhar tempo. 
A categoria tinha em mente duas reivindicações simples: piso salarial do Rio, tíquete-alimentação de R$ 20,00. 
Todos os garis agora querem! E nada é mais justo que isso! 
Ficaram de lado pautas específicas. Reflexo da despolitização em que aposta o sindicato dirigido pelo PT para se manter no poder a nada menos que uma década! A categoria não recebe auxílio creche, por exemplo. E além de não produzir material para a população e para a categoria, de não colar cartazes nos distritos etc., o sindicato não aproveitou a oportunidade da presença maciça de sua base, nos atos ou em qualquer outro momento, de fazer importantes debates sobre temas tão fundamentais à categoria, como o Assédio Sexual e Moral, por exemplo. 
Ao contrário, conduziu o movimento à despolitização. E desde o princípio apostou em semear confusão na cabeça dos trabalhadores. 27% sobre o que eles recebem hoje, míseros R$695,00, perfazem um valor aproximado ao piso estadual (R$874,00). O piso estadual é a reivindicação que o sindicato expressa em suas declarações à imprensa e ao governo. A base categoria esperava escutar dos diretores que estes 27% são sobre o piso do Rio (que eles não recebem!) atingindo R$ 1,109,98 , R$ 9,98 a mais que o salário conquistado na luta travada por cima da burocracia sindical, no Rio. Sendo que eles pediam R$1.200,00.
Depois de seguir os trabalhadores para lá e para cá em seus atos, depois de muitas reuniões com o Governo e a Justiça, o sindicato resolveu trazer para a categoria a informação de que a greve conseguiu com que se pague o piso salarial do estado e que não haverá corte de ponto ou demissões em função dos dias parados. 
Garis do Rio deram o exemplo de luta, passando
por cima da direção de seu sindicato e derrotando
o governo de Eduardo Paes.
Mas neste momento não é possível levar o fim da greve para votação. Para eles, também é preciso correr os distritos e anunciar isto como uma grande vitória antes da assembléia. É preciso também ir a São Gonçalo, onde a categoria já anunciou a GREVE e mostrar aquilo que Niterói conseguiu com seu “vandalismo” e que nem sempre as coisas são como no Rio... Em São Gonçalo, o sindicato já interviu e lá a pauta de reivindicações é rebaixada em relação ao Rio e mesmo a Niterói. O sindicato precisa explicar porque esses trabalhadores devem comer menos e pior que Niterói... Porquê é preciso acatar as decisões judiciais para preservar o sindicato das multas? Ou preservar os nossos empregos?
Os gastos em Niterói e São Gonçalo não são em ginásios ou estádios. Mas, como no Rio e em todo o país, o governo está a serviço dos grandes empresários, dos banqueiros. Em Niterói e São Gonçalo não vai ter Copa mesmo, mas luta vai ter, com certeza.
“Gari, escuta: Sua luta é nossa luta”: Nós, do PSTU, acreditamos que os sindicatos devem estar a serviço dos trabalhadores, não acreditamos na justiça burguesa e chamamos os trabalhadores à organização na base, para assim conduzir de forma mais firme essa mobilização, de forma a alcançar uma vitória real e não esse arremedo de conquista que o Sintacluns afirma ter conseguido.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Após anúncio do fim da greve, operários do COMPERJ iniciam nova paralisação

Após anúncio do fim da greve, operários do COMPERJ iniciam nova paralisação


Os operários do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) decidiram pelo fim da greve da categoria, que durou mais de 40 dias, nesta segunda-feira (17). A decisão foi tomada em assembleia realizada com a presença de mais de 28 mil pessoas. Os trabalhadores retomaram o trabalho na manhã desse dia 19.


A decisão ocorreu após o sindicato da categoria, o Sinticom (filiado à CUT), anunciar uma proposta da patronal de reajuste de 9% nos salários, o pagamento de participação nos lucros, e o aumento do vale-alimentação de R$ 360 para R$ 410. Ainda segundo o sindicato, em relação aos dias descontados, a proposta previa que um terço seria compensado, outro terço descontado e o restante a empresa iria abonar.
 Desde o início, a greve se contrapôs à burocracia sindical da CUT e enfrentou a dureza nas negociações por parte da patronal. Carros do sindicato foram virados e houve momentos de intensa radicalização da greve.
Uma nova paralisação
Nesta quarta-feira, 19, contudo, os operários iniciaram uma nova paralisação. A reportagem apurou que praticamente todos os canteiros de obras estão parados e que a greve poderá ser reiniciada.  A movimentação ocorreu depois da divulgação da informação que as principais empresas envolvidas nas obras do Comperj, entre elas a Odebrecht, não teriam feito nenhuma proposta, nem mesmo a apresentada pelo sindicato na assembleia de segunda-feira. Diante dessa situação, os operários da Comperj poderão retomar a greve a qualquer momento.

domingo, 9 de março de 2014

Sobre a tarifa do transporte público em São Gonçalo: e agora?

Após queda da liminar que reduziu o preço do ônibus, o movimento precisa discutir seus rumos

Direção municipal do PSTU São Gonçalo e Itaboraí

A luta contra o aumento das tarifas em São Gonçalo não para de gerar surpresas. No dia 20/02, depois de três manifestações de rua, a Justiça mandou a prefeitura de Neilton Mulim (PR) revogar o aumento, que tinha acabado de elevar a tarifa de R$ 2,60 para R$2,80. Menos de uma semana depois, a própria Justiça derrubou a liminar. E no meio dessa confusão estão os trabalhadores e a juventude da cidade, que sofrem todos os dias com o descaso do governo, a péssima qualidade do transporte e as passagens caras.

Quem derrubou a tarifa?

A grande mídia quer fazer parecer que a derrubada do preço foi obra de um gesto generoso do prefeito Neilton Mulim, ou mesmo de uma ação meramente judicial tocada pela Associação Nacional dos Usuários do Transporte – ANADUT.
É necessário lembrar que a derrubada do preço das passagens não foi nem uma coisa e nem
outra. Foi, pelo contrário, produto de muita luta e dos trabalhadores e juventude de São Gonçalo, que, em diversos atos e manifestações, exigiam a redução da tarifa e melhorias na qualidade do serviço prestado.

A quem servem a tarifa social e os subsídios

A liminar (colocada pela Associação Nacional dos Usuários do Transporte – ANADUT) que anulava o aumento foi contestada pela própria prefeitura  e, esta semana, foi revogada. Isso demonstra claramente de que lado está a prefeitura. Apesar das promessas de campanha passagem a 1,50 para o povo gonçalense, Neilton come nas mãos dos empresários do transporte e está mais preocupado em garantir os seus lucros. Esta é uma primeira lição que devemos assimilar: o governo tem um lado – e é o dos empresários.
Recentemente, mais uma bomba! O prefeito Neilton Mulim anunciou que vai sim aplicar a passagem a R$ 1,50... mas só para quem participa do programa bolsa família. O “benefício” será aplicado através de uma política de subsídios. Ou seja, a prefeitura vai bancar com nosso dinheiro essa redução. Para Neilton e sua laia é impensável tocar um dedo no lucro dos empresários.

A liminar caiu! O que isso significa para o movimento?

Outra questão que devemos refletir neste momento é o papel que cumpre a Justiça. A Justiça não é igual para todos: o pobre que rouba um pão vai preso e já começa a apanhar na mesma hora, da PM ou dos “justiceiros”, mas o rico ladrão corrupto, assim como o rico assassino e estuprador, tem a seu dispor os melhores advogados e juízes.
Thor Baptista, filho do milionário Eike Batista, branco e rico, atropelou e matou um ciclista e não aconteceu nada.
Essa Justiça é a mesma que declarou que a greve dos garis é ilegal, mas não fala nada sobre as mortes dos operários nas obras da Copa. A Justiça mandou prender os manifestantes que acidentalmente causaram a morte do cinegrafista Santiago Andrade, mas não puniu um único policial envolvido nas outras nove mortes e centenas de atos de violência e abuso de poder que aconteceram desde junho. A Justiça também tem lado, e é o lado dos que podem pagar por ela – novamente, dos empresários.
Isso quer dizer que não podemos usar as manobras judiciais para apoiar a nossa luta? Claro que não! Mas quer dizer que não devemos ter ilusão que a Justiça vai nos ajudar de bom grado. Nossas armas são as manifestações de rua, as greves, os piquetes e os cartazes, que, da mesma forma que obrigaram os governos a recuar dos aumentos ano passado, também podem obrigar a Justiça a atender nossas reivindicações. Não por “bondade”, mas pela força.

Vamos continuar nas ruas! A luta não pode parar!

Em 2013 a juventude e a classe trabalhadora obrigaram o governo a abrir mão do aumento das passagens. Em 2013, a rede municipal de educação de São Gonçalo fez uma greve que obrigou o governo de Neilton a dar um aumento muito maior do que planejava. Em 2013, os operários do Comperj, em Itaboraí, pararam os canteiros e arrancaram várias reivindicações.
Em 2014 não vai ser diferente. Os operários do Comperj estão novamente em greve, a rede municipal está se mobilizando, e a greve dos garis do Rio de Janeiro impôs uma dura derrota
a Eduardo Paes. A juventude e os trabalhadores de São Gonçalo precisam barrar o aumento novamente!
Além disso, nós, do PSTU, opinamos que nossa luta não pode ser apenas pela revogação do aumento ou pelo fim do Consórcio São Gonçalo. A única forma de garantir transporte de qualidade para todos é a criação de uma Empresa Municipal de Transportes, estatal, controlada pelos trabalhadores e pela população da cidade!


  • Neilton, cumpra o que prometeu! Queremos passagem 1,50 já, irrestrita! Rumo à tarifa zero!
  • Por que muitos devem sofrer para assegurar o lucro de poucos? Queremos a redução para todos! E sem subsídios!
  • Fim do Consórcio São Gonçalo! Por uma empresa pública municipal de transportes sob controle dos trabalhadores e usuários!