quinta-feira, 5 de março de 2015

Debate sobre a atual crise reúne operários do Comperj


por Rodrigo Barrenechea,
da Secretaria de Comunicação do PSTU São Gonçalo

 Na noite desta quarta-feira (04), o PSTU São Gonçalo realizou uma atividade para discutir a atual crise no Brasil e
seus reflexos na nossa região, em especial na obra do Comperj. Operários, funcionários públicos e professores estiveram presentes no debate, trazendo suas ideias e trocando impressões sobre como o capitalismo é o grande responsável pela atual onda de demissões no entorno da obra da Petrobrás.
 O debate foi aberto por Natália Russo, diretora do Sindipetro-Rio e da direção regional do PSTU. Ela apontou que, se há uma crise, ela atinge mais duramente a uns que a outros. Ou seja, quem vem sofrendo é a classe trabalhadora, com inflação, pobreza e desemprego. Os ricos, por sua parte, sempre encontram uma maneira de escapar à turbulência. Eles remetem seus recursos para bancos estrangeiros, se mudam de país ou mudam o nome de suas empresas para fugir de seus credores e dívidas.
 Há uma razão clara para isso: o sistema econômico em que vivemos, o capitalismo. Ele faz com que as riquezas produzidas pela maioria da população sejam principalmente aproveitadas por uma minoria, uma elite. Aos mais pobres, é apenas "permitida" sua sobrevivência. Ao contrário do que se pensa corriqueiramente, somente os trabalhadores é que produzem riqueza; os capitalistas, esses até podem dizer que "trabalham". Mas, na verdade, o que fazem é administrar sua riqueza. Como Natália afirmou, se pudéssemos estabelecer uma equivalência para o trabalho dos ricos, é como se eles "passassem o mês inteiro olhando para seus contra-cheques", já que é a classe trabalhadora é quem produz a riqueza expressa por esses "contra-cheques". Nesse sentido, a crise que atualmente vivemos - e que ainda pode piorar -, não é uma exceção, mas uma condição normal do capitalismo. Ele precisa de crises para poder criar "novas oportunidades" de se enriquecer às custas do trabalho dos mais pobres.
 Já "Gago", operário demitido do Comperj e também militante do PSTU-SG, falou sobre a atual situação de penúria que os trabalhadores da obra da Petrobrás estão passando. Esta realidade não é à toa: de quase 30 mil operários que o Comperj chegou a ter, em 2013, agora são pouco mais de 4.000 trabalhando na obra, em condições precárias e com seus empregos ameaçados. Gago, aqui, tentou desfazer um mito bastante difundido: a Petrobrás, onde passa, traz riqueza e desenvolvimento. Se  isso pode ter sido verdade em outro tempo, hoje não há nada mais falso.
 Itaboraí, a cidade do Comperj, é atualmente uma cidade-fantasma. Depois de viver uma alta generalizada nos preços dos terrenos e imóveis, hoje a região vive uma acentuada depressão. Pequenos restaurantes que viraram pousadas hoje estão abandonadas, já que as empreiteiras não pagam mais pela hospedagem de seus trabalhadores. Grandes empreendimentos comerciais encontram grandes dificuldades de vender suas lojas e salas comerciais. Por outro lado, as filas do SINE (Sistema Nacional de Empregos, do Ministério do Trabalho e Emprego) e do Restaurante Populas, essas não param de crescer. Mas há algo mais alarmante: a população de rua na cidade, que cresceu assustadoramente.
 Com as demissões, não apenas na Alumini (ex-ALUSA) mas em outros consórcios, como a Tubovias, e com as dívidas trabalhistas que essas empresas tem com seus trabalhadores e ex-empregados, os operários do Comperj e suas famílias não tem tido outra solução do que ir morar na rua. Muitos deles não são do Rio e não tem família por aqui que os ampare. A maioria espera, sem muita fé, que as empreiteiras paguem o que devem. E, enquanto isso, essa massa de abandonados mora nas ruas, sob as marquises, em frente às lojas que, alguma hora, esperavam tê-los como clientes. Itaboraí, devido à crise da obra do Comperj e à ganância das empreiteiras, é hoje uma cidade à beira da falência.
 Para nós, do PSTU, algo de urgente precisa ser feito. Não basta prender os corruptos e corruptores - algo que já é muito importante e coisa rara de ser vista. As empresas precisam ser punidas. A Petrobrás precisa assumir as dívidas das empresas com os trabalhadores. O governo precisa, urgentemente, estatizar as empreiteiras envolvidas na corrupção exposta pela Operação Lava-Jato. E esses trabalhadores, que vieram para cá na esperança de uma vida melhor, eles precisam ser ajudados. Seus empregos, garantidos; suas dívidas, pagas. Sua vida, reconstruída.
 Após o debate, que contou com perguntas e opiniões daqueles que estavam presentes, foi feita uma pequena confraternização, com caldo verde e refrigerantes. Mas, mais importante, foi feito um convite, que estendemos a você que está lendo este texto e ainda não milita em nosso partido: junte-se a nós! Filie-se ao PSTU. Mais ainda, seja um militante de nosso partido. Faça parte de nossa luta para construir um país e um mundo melhor, a luta pelo socialismo.