Após queda da liminar que reduziu o preço do
ônibus, o movimento precisa discutir seus rumos
Direção municipal do PSTU São Gonçalo e Itaboraí
A luta contra o aumento das tarifas em São
Gonçalo não para de gerar surpresas. No dia 20/02, depois de três manifestações
de rua, a Justiça mandou a prefeitura de Neilton Mulim (PR) revogar o aumento,
que tinha acabado de elevar a tarifa de R$ 2,60 para R$2,80. Menos de uma
semana depois, a própria Justiça derrubou a liminar. E no meio dessa confusão
estão os trabalhadores e a juventude da cidade, que sofrem todos os dias com o
descaso do governo, a péssima qualidade do transporte e as passagens caras.
Quem
derrubou a tarifa?
A grande mídia quer fazer parecer que a derrubada
do preço foi obra de um gesto generoso do prefeito Neilton Mulim, ou mesmo de
uma ação meramente judicial tocada pela Associação Nacional dos Usuários do
Transporte – ANADUT.
É necessário lembrar que a derrubada do preço das
passagens não foi nem uma coisa e nem
outra. Foi, pelo contrário, produto de
muita luta e dos trabalhadores e juventude de São Gonçalo, que, em diversos
atos e manifestações, exigiam a redução da tarifa e melhorias na qualidade do
serviço prestado.
A quem
servem a tarifa social e os subsídios
A liminar (colocada pela Associação Nacional dos
Usuários do Transporte – ANADUT) que anulava o aumento foi contestada pela
própria prefeitura e, esta semana, foi
revogada. Isso demonstra claramente de que lado está a prefeitura. Apesar das
promessas de campanha passagem a 1,50 para o povo gonçalense, Neilton come nas
mãos dos empresários do transporte e está mais preocupado em garantir os seus
lucros. Esta é uma primeira lição que devemos assimilar: o governo tem um lado
– e é o dos empresários.
Recentemente, mais uma bomba! O prefeito Neilton
Mulim anunciou que vai sim aplicar a passagem a R$ 1,50... mas só para quem
participa do programa bolsa família. O “benefício” será aplicado através de uma
política de subsídios. Ou seja, a prefeitura vai bancar com nosso dinheiro essa
redução. Para Neilton e sua laia é impensável tocar um dedo no lucro dos
empresários.
A
liminar caiu! O que isso significa para o movimento?
Outra questão que devemos refletir neste momento
é o papel que cumpre a Justiça. A Justiça não é igual para todos: o pobre que
rouba um pão vai preso e já começa a apanhar na mesma hora, da PM ou dos
“justiceiros”, mas o rico ladrão corrupto, assim como o rico assassino e estuprador,
tem a seu dispor os melhores advogados e juízes.
Thor Baptista, filho do milionário Eike Batista,
branco e rico, atropelou e matou um ciclista e não aconteceu nada.
Essa Justiça é a mesma que declarou que a greve
dos garis é ilegal, mas não fala nada sobre as mortes dos operários nas obras
da Copa. A Justiça mandou prender os manifestantes que acidentalmente causaram
a morte do cinegrafista Santiago Andrade, mas não puniu um único policial
envolvido nas outras nove mortes e centenas de atos de violência e abuso de
poder que aconteceram desde junho. A Justiça também tem lado, e é o lado dos
que podem pagar por ela – novamente, dos empresários.
Isso quer dizer que não podemos usar as manobras
judiciais para apoiar a nossa luta? Claro que não! Mas quer dizer que não
devemos ter ilusão que a Justiça vai nos ajudar de bom grado. Nossas armas são
as manifestações de rua, as greves, os piquetes e os cartazes, que, da mesma
forma que obrigaram os governos a recuar dos aumentos ano passado, também podem
obrigar a Justiça a atender nossas reivindicações. Não por “bondade”, mas pela
força.
Vamos
continuar nas ruas! A luta não pode parar!
Em 2013 a juventude e a classe trabalhadora
obrigaram o governo a abrir mão do aumento das passagens. Em 2013, a rede municipal
de educação de São Gonçalo fez uma greve que obrigou o governo de Neilton a dar
um aumento muito maior do que planejava. Em 2013, os operários do Comperj, em
Itaboraí, pararam os canteiros e arrancaram várias reivindicações.
Em 2014 não vai ser diferente. Os operários do
Comperj estão novamente em greve, a rede municipal está se mobilizando, e a
greve dos garis do Rio de Janeiro impôs uma dura derrota
a Eduardo Paes. A
juventude e os trabalhadores de São Gonçalo precisam barrar o aumento
novamente!
Além disso, nós, do PSTU, opinamos que nossa luta
não pode ser apenas pela revogação do aumento ou pelo fim do Consórcio São Gonçalo. A única forma de garantir
transporte de qualidade para todos é a criação de uma Empresa Municipal de
Transportes, estatal, controlada pelos trabalhadores e pela população da
cidade!
- Neilton, cumpra o que prometeu! Queremos passagem 1,50 já,
irrestrita! Rumo à tarifa zero!
- Por que muitos devem sofrer para assegurar o lucro de poucos?
Queremos a redução para todos! E sem subsídios!
- Fim do Consórcio São Gonçalo! Por uma empresa pública municipal de transportes sob controle dos
trabalhadores e usuários!
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